Wednesday, July 05, 2006

É maior o demérito nosso do que o mérito da França

A França deu-se ao luxo de desinteressar-se pela nossa baliza e mesmo assim não conseguimos tirar partido da iniciativa que nos era dada? Bem que fizemos um esforço, mas no essencial não tivemos arte para levar a bola às malhas (interiores) da baliza de Barthez. E, sendo assim, não merecemos ir à final. O resto é conversa.

Dessa conversa pode dizer-se que a França abriu a porta para a baliza de Ricardo com uma chave falsa. O Ricardo Carvalho tem razão em protestar: o árbitro deixou-se enganar por Henry, o toque não foi no pé de apoio e não impedia o atacante de avançar. Mas que dizer da quantidade de simulações de penalti que Cristiano e Postiga fizeram? Tiram-nos a moral toda nesta história. E ainda por cima, os franceses é que a fazem bem feita, temos muito que aprender até na simulação de penaltis.

Portugal teve do melhor e do pior, a saber:

Magníficos: Ricardo (seguro, boas defesas, o Zidane não lhe deu hipótese no penalti), Miguel (intransponível, acutilante no ataque, foi lesionar-se logo na melhor jogada que teve, é má sina), Meira (um senhor na defesa e com mobilidade para ir à frente, é pena aquele pontapé de ressaca não ter sido melhor executado), Ricardo Carvalho (o mesmo de sempre, impecável nos cortes e nas coberturas, e não fez penalti sobre Henry), Nuno Valente (exímio na defesa, bom a avançar, é pena os cruzamentos mal dirigidos) e Costinha (meteu Zidane no bolso).

Com bons momentos mas em geral desinspirados: Maniche (só no arranque da partida, depois apagou-se), Cristiano (para além da arte nos dribles, muitas vezes inconsequentes, houve aquele remate à figura de Barthez a proporcionar a Figo um cabeceamento que era para golo, é também má sina, mas a mania de simular faltas deu toda a razão a quem o criticava, tem de emendar-se), Deco (fez um remate venenoso logo de início e desapareceu do jogo a partir daí) e Figo (sempre lutador, construiu muita coisa boa em especial na 1ª parte, mas afunilava mais para Cristiano do que devia e não teve os colegas à altura).

Sem acrescentarem grande coisa, nem comprometerem: Pauleta (pouco solicitado ou mal servido, a culpa era do esquema táctico que o deixava demasiado isolado), Paulo Ferreira e Simão.

Desastrosos: Hélder Postiga (só simulou faltas e ainda por cima foi atrapalhar Figo naquela jogada do cabeceamento, como é possível!?) e Scolari (Deco para ele é uma vaca sagrada, devia tê-lo substituído a seguir ao golo francês, e o esquema táctico foi uma treta, afinal para que quer ele o Pauleta, e ainda por cima substitui-o por Simão para pôr o Cristiano a ponta-de-lança????).

Os franceses mostraram respeito pela nossa equipa e penso que a nossa presença teve no geral muito mérito. Houve outras boas equipas que, por terem de enfrentar a Alemanha em fases anteriores, soçobraram mais cedo mas com honra (a Suécia e a Argentina). Portugal fez um bom campeonato. Se tiver mais mérito frente à Alemanha do que teve hoje, pode até ser que consiga o 3º lugar, não é de excluir.

O que está para vir a partir daqui, com ou sem Scolari? Acredito que está na calha uma nova geração de oiro, e a equipa que esteve na Alemanha deverá inspirar as futuras selecções para epopeias futuras. Portugal é um país de bom futebol.

2 Comments:

At 3:51 PM, Blogger LS said...

Haja sinceridade para de uma vez por todas dizer que a culpa foi de um Pauleta uma vez mais e à imagem do euro 2004, bastante apagado. Em 7 jogos do euro mais 6 jogos do mundial, o nosso ponta de lança marcou apenas 1 golo. O resto é conversa depressiva. Abraços e bjinhos

 
At 3:33 PM, Blogger LOCO GATO said...

47 golos pela Selecção falam de maneira mais eloquente do que as fases finais sob o descomando de Scolari

 

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