Monday, July 03, 2006

Brasil-decepção, França-renascida

Alguém acreditaria que nos quartos-de-final o Brasil quase não remataria à baliza? Se se vir bem a carreira que fizeram anteriormente, e com uma França que exorcisou, frente à Espanha, os fantasmas da Coreia/Japão, não admira — embora seja muito, muito triste. Equipa inconsistente, com meio-campo só atacante, embotada de ideias (que saudades do Rivaldo!) e demasiado confiada na (boa) defesa — um contra-senso, tratando-se do Brasil. A França, exímia exploradora de falhas de marcação, aproveitou uma, aliás escandalosa, e marcou. Mas não é que isto faz lembrar uma Grécia de má memória? O futebol assim é muita luta e pouco espectáculo, não merece tanto esforço, é cínico.

Se na final de 98 houve treta na derrota por 2(+1) a 0, desta vez o Brasil só tem de aceitar que não merecia ir à final. Foi bem castigada a sua presunção de favas contadas a esse respeito. Parreira go home!

A França dá excelentes mostras de espírito de entreajuda e garra individual. Funcionam tão bem quanto no seu auge, que foi o Europeu de 2000, e além de nomes consagrados com Zidane, Barthez, Thuram ou Henry, causa-me muito boa impressão Ribery, pequeno mas ladino, lutador, objectivo, um desequilibrador. E há outros bons valores.

Este Mundial continua a prometer ser memorável, a começar pelo facto de se comprovar a justiça das 4 equipas melhores serem as que estão nos quartos-de-final. Todas europeias, por sinal.

Scolari tem de estudar bem a lição com a França (melhor do que fez com a Grécia); se a Inglaterra está habituada a perder contra nós, nós estamos habituados a perder contra a França (os europeus de 1984 e 2000). Tem de encontrar-se uma maneira de furar os esquemas demasiado defensivos que se vêm impondo a partir dos oitavos-de-final. Pelo menos para Portugal isso é o pior tipo de jogo possível, e em todo o caso é o espectáculo que perde.

Mas já fico mais descansado com a eliminação do Brasil: não queria ver o Scolari e o Deco a terem de enfrentá-los em representação de Portugal.

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